Foto: Nathália Schneider (Diário)
Ao longo dos anos, Nossa Senhora Medianeira tem ganhado diversas representações, especialmente no que se refere às campanhas criadas para cada romaria. Essas diferenças tem causado também um certo estranhamento por parte dos leitores.
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Dentro do Santuário Basílica, em Santa Maria, o público tem acesso a três obras. Por isso, o Diário Explica quais imagens são essas e suas diferentes motivações. Veja quais são:
“Imagem Milagrosa”
Datado em 1930, o primeiro quadro de Nossa Senhora Medianeira foi pintado por Ida Stefani (1911-2005), mais tarde conhecida por irmã Angelita. A obra foi inspirada em um santinho em preto e branco enviado da Bélgica para o Padre Ignácio Rafael Valle, em Santa Maria. O convite para pintar o quadro foi intermediado pelo irmão de Angelita, Roberto, que convivia com Valle no seminário.
Entretanto, foi o pai, Ângelo Stefani, quem a convenceu a confeccionar o quadro, determinando, por conta própria, as cores da pintura. Em maio daquele ano, a obra foi enviada de Passo Fundo por trem para Santa Maria, sendo recebida por Valle na Estação Férrea. Durante anos, a imagem foi usada nas festas e romarias diocesanas, que ocorriam em maio e setembro, respectivamente. Atualmente, o quadro encontra-se no Altar lateral da Basílica.
"Mãe peregrina"
Com o aumento do público devido às Romarias Estaduais de Nossa Senhora Medianeira, que tiveram início em 1943, crescia também a preocupação de que o quadro original fosse danificado. Por conta disso, foi solicitado novamente à irmã Ida Stefani a confecção de um novo quadro, conhecido popularmente como Mãe Peregrina. A obra foi pintada/entregue em 1952.
Atualmente, a imagem é utilizada em pré-romarias, trezenas e na romaria, que ocorre sempre em novembro. Na Basílica, encontra-se na Cripta, mais especificamente no ossário.
“Nova imagem”
Uma nova imagem de Nossa Senhora Medianeira ilustra a campanha deste ano da Romaria Estadual. Sob a supervisão do arcebispo metropolitano de Santa Maria, Dom Leomar Brustolin, a nova representação foi pintada em 2022 pelo artista de Caxias do Sul Vasco Machado. Com base na teologia bíblica do Livro do Apocalipse, a obra retrata Medianeira como uma mulher “vestida de sol, com a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de 12 estrelas sobre a cabeça”.
Entre detalhes e simbologias que buscam se aproximar dos conhecimentos de mariologia, está a frase de São Bernardo: “a vontade de Deus é que recebamos tudo por Maria”, que também compõe os outros dois quadros. Atualmente, a imagem encontra-se no Altar da Cripta.
Existe uma imagem considerada "mais importante"?
Questionado sobre esse assunto, Dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Santa Maria, afirmou que existe uma que é considerada "referência":
– A mais importante é a original de 1930. Ela é a referência. As outras, assim como qualquer Santuário tem, são releituras artísticas que servem para remeter àquela primeira, que nunca perde seu lugar nem pode ser substituída. As releituras permitem ampliar a compreensão sobre a original. Nunca substituir. A imagem, que geralmente é apresentada nos souvenirs da Basílica, não é nem a da irmã Ida Stefani, nem a última do Vasco Machado. É uma terceira imagem. Em alguns cartazes, tem uma quarta imagem. O Padre Ignácio Valle tinha um santinho, que era uma quinta imagem. Se vocês olharem, por exemplo, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes ou mesmo Nossa Senhora Aparecida, há sempre várias interpretações da mesma imagem. Isso faz parte da representação artística do Sagrado.